Já no início da noite 9 meninas estavam determinadas a ver o sol nascer de qualquer maneira, não sabíamos como, mas quais são as amigas que dormem quando se reúnem em uma festa de pijama, não é mesmo?

Depois de jantar duas vezes, conversar até dar sono, jogar twister, conversar de novo, dar risadas, comer chocolate, muito chocolate e assistir um filme (no qual eu dormi), uma ideia muito errada veio de uma amiga expert em trotes. Já eram 5 da manhã, todas sabíamos que seríamos amaldiçoadas, mas depois de caixas e caixas de Suflair ninguém protestou a idéia, que, maliciosamente, soava divertida.

A amiga expert em trotes abriu sua lista de contatos e me assustei com tantos nomes.
- Quantos contatos, minha filha!
- Eu passo trote até no Lula querida, imagina quem eu não tenho aqui.

Começamos nos contatos com inicial A e não paramos até o último contato possível. O nome de guerra era Lindalva, bem suspeito. As vozes sedutoras despertadoras de uma curiosidade sem igual e os ganhadores de prêmios inimagináveis ficaram pra história. Tantas pessoas ingênuas que não se dão conta que ás 5 da manhã nenhuma garota vai lhe ligar perguntando da noite passada, ou informando sobre a gravidez não planejada nos fizeram rir bocados, e os adultos que deveriam trabalhar na manhã seguinte nos deixaram com peso na consciência. Todos os garotos que realmente acreditaram na garota misteriosa da micareta nos incomodaram ligando a cada 10 minutos até o fim do dia posterior, garotinhas revoltadas com a própria falta de decência nos culparam por nem-sei-o-quê e o professor de violão esperançoso com a amante do conservatório me impressionou com o meu lado atriz, até então obscuro.

O mais cômico de tudo isso é que sabíamos pelo menos um pouco da vida de cada pessoa que ligamos, então com certeza deixamos nossos receptores de trote duvidosos. O que eu achei bom mesmo foi zoar com os populares que se julgam gente na sociedade, mas que na verdade não passam de ícones de podres, nesses eu ri com vontade.

Conversas comprometedoras causaram tensão quando um receptor acusou o nome de uma de nós no telefone, não tínhamos certeza, mas ele poderia ter descoberto e, pela personalidade da pessoa, a notícia se espalharia fácil. Não sabemos ainda quem sabe e quem não sabe, mas o nome Lindalva já tá na boca do povo e tememos ter que pedir desculpas para todos que vierem tirar satisfação conosco. Na verdade eu sinto que isso acontecerá de qualquer maneira, então o jeito é saber lidar com essas pessoas, o que descobriremos só na hora mesmo.

A dona do celular ligante checou a lista de ligação feitas e contou 75 números, imaginem quantas desculpas tivemos que inventar no dia posterior para cada indivíduo que nos ligava de 10 em 10 minutos, no mínimo; mais as que ainda teremos que inventar no início das aulas. Bom, pelo menos meu netos ficarão entretidos com uma história no futuro.

Sempre achei que a felicidade escolar tem uma aversão á mim. Desde pequena, quando eu estou realmente feliz em uma escola, surge um motivo das estrelas pra me tirar de lá. Eu sempre me importei, mas quando ia pra escola nova encontrava amigos tão legais que acabava me esquecendo dos antigos, pelo menos até a quarta série.

A primeira vez que mudei foi do pré pra 1ª série. Eu estudava na escola UAI desde o maternal, minha mãe era a dona, então eu praticamente ficava lá desde os 2 meses de vida. Todo mundo estudava lá desde pequeno, então eu tinha amizades incomparáveis que eu não queria trocar por nada. Sempre fui louca pra mudar pra 1ª série, conhecia as meninas da tal e me parecia um outro mundo. Quando finalmente chegou minha vez, minha mãe brigou com a sócia dela, que era minha tia, e saiu da escola. Resultado: Lorena é obrigada a mudar de escola, muito infeliz na verdade.

Essa escola para a qual eu mudei era estadual, então era uma outra realidade pra mim. Eu me assustei muito quando cheguei, aos 7 anos de idade eu já convivia com pessoas de 15 (era A idade pra mim na época, eu achava que com 15 anos a pessoa já tinha marido e tudo mais) e isso me deixava um pouco agitada. Mesmo assim, eu amava meus amigos de lá, nós éramos muito unidos e divertidos. Fiquei 2 anos lá e fiz três melhores amigas que eu não queria largar jamais, mas larguei, porque no fim da 2ª série minha tia (ex-sócia da mamãe) inventou de criar uma outra escola e eu fui estudar lá né.

A terceira escola. Não botava muita fé nela, porque minha tia já tinha fracassado na outra escola, mas eu na liguei muito quando cheguei lá e reencontrei a maioria dos meus melhores amigos da escola UAI. Como eu previra, a escola só durou a minha terceira série. Foi um ano de muita farra e macacada. Incontáveis histórias hilárias aconteceram lá, como a vez que invadimos a sala do sinal e ficávamos tocando de 5 em 5 minutos; ou quando invadimos a cozinha e tomamos sopa escondidos; e outras vezes que nem lembro. Bom, acontece que a escola faliu e minha mãe resolveu me colocar numa escola descente dessa vez.

Fui pro São Paschoal, uma escola famosa aqui da cidade. Demorei pra fazer amigos porque a sala era muito unida! Mas não durou tanto assim até eu conhecer a Taciana e a Mariana, tudo por causa de uma pulseirinha das WITCH. A Mariana ficou só um ano lá, mas foi o suficiente pra gente criar um laço de amizade indestrutível. Esse trio (eu, Mari e Taci) existe até hoje, somos muito amigas mesmo, viajamos juntas e tudo mais. Fiquei muito amiga das outras pessoas também. Toda vez que saía da escola eu pensava comigo mesma “nunca mais quero mudar de escola, por nada. Eu tenho os melhores amigos do mundo”.
#FAIL

Tive que mudar de escola novamente quando meu irmão foi pro colegial e São Paschoal pesou os bolsos do papai. Fui feliz lá por um ano, fiquei muito amiga de três meninas maravilhosas e viramos o "quarteto inseparável". Eu adorava minha turma, tinha de pattys a emos, nerds a extremamente burros, quietos a desesperados, mas não deixava de ser unida. Incontáveis as vezes que fizemos complôs contra professoras (né Svetlana, Márcia e Emília-essa até se demitiu-?), rimos muito de alunos malucos que pulavam a janela pra fugir da sala (Pedro), meninas com complexo de dieta e zoamos com os excluídos que toda sala tem. O outro foi chato porque muitas pessoas saíram e não teve muita graça.

Agora fui fazer o colegial em uma escola boa, mas não estou tão satisfeita assim, a não ser pelo ensino, porque as pessoas estão me desapontando - assunto para outro post.